A Terapia de Vidas Passadas (TVP) é uma abordagem terapêutica que busca acessar memórias de supostas existências anteriores para tratar questões emocionais e comportamentais na vida presente. Embora suas raízes estejam em tradições espirituais antigas, foi no final do século XIX que surgiram os primeiros estudos sistemáticos sobre regressão de memória.

História

Em 1887, o espanhol Fernando Colavida foi pioneiro ao pesquisar a regressão de memória. Posteriormente, entre 1892 e 1910, o francês Albert de Rochas catalogou 19 casos de regressões, contribuindo para o desenvolvimento inicial da técnica.

No século XX, o psicólogo e filósofo inglês Dr. Roger Woolger, inicialmente terapeuta junguiano, aprofundou-se na pesquisa sobre após experiências com hipnose regressiva. Em 1987, publicou “As Várias Vidas da Alma”, detalhando como a TVP pode auxiliar na resolução de diversos problemas.  

Em 1967, o psicólogo norte-americano Morris Netherton desenvolveu um método denominado “Hipnose Ativa”, que permitia aos pacientes acessarem memórias de vidas passadas sem o uso da hipnose clássica. Este método facilita a regressão a períodos distantes da existência, mesmo sem lembranças conscientes desses eventos. 

Nos anos 1980 o Dr. Brian Weiss um psiquiatra norte-americano, ficou surpreso quando uma paciente, referida como “Catherine”, sob hipnose, começou a relatar experiências de vidas passadas. A partir dessa experiência, o Dr. Weiss passou a incorporar a terapia de regressão a vidas passadas na sua prática clínica, defendendo que muitos medos, fobias e doenças têm raízes em experiências de vidas anteriores e que o seu reconhecimento pode ter efeitos terapêuticos significativos.

Morris Netherton e a Hipnose Ativa

Morris Netherton (1935-2020) foi um psicólogo norte-americano e um dos pioneiros na terapia de vidas passadas (TVP). Em 1967, desenvolveu um método denominado “Hipnose Ativa”. Este método possibilita a regressão a períodos distantes da existência ou profundo do inconsciente. Diferente da hipnose passiva, que é um hipnose guiada pelo terapeuta, na hipnose ativa, o paciente responde a perguntas ativamente em estado de transe hipnótico.

Em 1978, Netherton publicou o livro “Past Lives Therapy”, considerado a primeira obra literária sobre TVP (PLT em inglês). Nesta publicação, ele relatou e analisou diversos casos clínicos em que pacientes apresentavam sintomas físicos que prejudicavam sua vida cotidiana. Através da terapia de vidas passadas, esses sintomas foram compreendidos e eliminados. 

Além de seu trabalho clínico, Netherton fundou, em 1985, a Association for the Alignment of Past Life Experience (AAPLE) na Califórnia, EUA. Ele também foi formador e fonte de inspiração para outros terapeutas e pesquisadores renomados na área, como Hans TenDam, Roger Woolger e Livio Túlio Pincherle. 

A terapia de vidas passadas proposta por Netherton baseia-se na premissa de que traumas e experiências de existências anteriores podem influenciar a vida atual de um indivíduo. Ao acessar e processar essas memórias, é possível promover a cura emocional e física. Sua abordagem inovadora contribuiu significativamente para o desenvolvimento e reconhecimento da TVP como uma modalidade terapêutica válida.

Como Funciona a Terapia de Vidas Passadas

A Terapia de Vidas Passadas é uma prática terapêutica,  ou seja, um conjunto de técnicas, com o objetivo acessar o subconsciente em busca de experiências e traumas através de técnicas de relaxamento, hipnose e regressão. Trata-se de um processo terapêutico voltado para o conteúdo do subconsciente.

Nossa mente “pensa” com imagens não com texto. Quando lemos um livro, ouvimos uma música ou uma história, transformamos tudo em imagens e depois em um filme – que é uma sequência de imagens. Os sonhos são uma maneira de nossa mente subconsciente se comunicar, parecem bem reais, mas não quer dizer que sejam verdadeiros. Da mesma forma, regressões a supostas vidas passadas não provam que elas realmente existiram, mas são uma forma do subconsciente nos enviar mensagens sobre nosso corpo e nossa mente.

Levando em consideração que a mente subconsciente corresponde a 95% da mente total, devemos dar um pouco mais de atenção a esta nossa parte pouco conhecida. Quer dizer, estamos aqui a ler este artigo com nossos 5% de “consciência “ativa”, mas realmente não sabemos pouco sobre nós mesmos.

O processo terapêutico geralmente envolve a indução de um estado de relaxamento profundo ou hipnose, permitindo que o paciente acesse memórias reprimidas no inconsciente. Durante esse estado alterado de consciência, o indivíduo pode reviver cenas, emoções e sensações de supostas vidas passadas. O terapeuta atua como um guia, auxiliando na navegação dessas memórias e na compreensão de como elas podem estar relacionadas aos desafios atuais.


Algumas Técnicas Utilizadas na TVP:

    • Hipnose Clínica: Ferramenta principal para facilitar o acesso a memórias profundas, com técnicas de relaxamento e hipnose para entrar em um estado alterado de consciência.

    • Imaginação Ativa: Método que utiliza a imaginação guiada para explorar simbolismos e narrativas que emergem durante a sessão terapêutica.

    • Visualização: Técnica onde o paciente é encorajado a assistir uma experiência passada em terceira pessoa, com o objetivo de se distanciar de emoções muito traumáticas. 

    • Revivificação: Técnica onde o paciente é encorajado a reviver uma experiência passada, com o objetivo de reprocessar emoções e sensações associadas.

    • Body Working: Técnica onde ocorre uma intervenção do terapeuta no corpo do paciente para encorajado a reviver intensamente uma experiência passada.


Terapia de Vidas Passadas x Regressão

A Terapia de Vidas Passadas é uma prática terapêutica, não é simplesmente uma regressão. A regressão por si só não gera mudanças no paciente. Um  hipnoterapeuta qualificado, usa as cenas e as histórias relatadas pelo subconsciente do paciente, para entender onde precisa atuar e aplica as técnicas necessárias. A terapia enquanto processo terapêutico, é composta por uma sequência de sessões com uso de diferentes técnicas de acordo com cada pessoa.



Existem Vidas Passadas ?



Nosso subconsciente trabalha com imagens, imaginação, esta é a sua linguagem. A regressão pode ser feita até a vida intrauterina, mas conseguimos voltar a uma “suposta” vida anterior. O Psicólogo Carl G. Jung, defendeu a existência de um inconsciente coletivo, u composto de símbolos universais. Esses símbolos podem trazer emoções, lembranças ou sentimentos, como os símbolos geométricos, a cruz e as mandalas por exemplo.

Desta forma, para o terapeuta, não importa se a história e os personagens relatados foram reais ou não, pois trabalhamos com o material que o subconsciente oferece. O que importa é que ao interpretar os acontecimentos narrados, conseguimos aplicar técnicas clínicas da psicologia para ajudar o paciente a superar os traumas e lidar com sintomas. Não é uma questão de crença e sim de técnicas testadas e com bons resultados. Terapeutas precisam ser neutros, não julgar e nem interferir, somente guiar o paciente durante o processo terapêutico. Terapeuta não cura ninguém, guia o paciente para a autocura.

A Síndrome de Joana D´arc

Joana D’Arc (1412-1431) foi uma camponesa francesa que se destacou durante a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra. Sua convicção e coragem a tornaram uma figura emblemática de liderança e determinação.

Em terapias de vidas passadas, alguns pacientes podem relatar experiências ou memórias que associam a figuras históricas como Joana D’Arc. Como várias pessoas relatam ter sido Joana Darc se só existiu uma? Essas manifestações podem ser interpretadas de diferentes maneiras:

Simbologia Psicológica: Do ponto de vista psicológico, tais experiências podem representar arquétipos ou símbolos que o inconsciente utiliza para expressar conflitos internos, desejos ou traumas.

Identificação com a Figura Histórica: O indivíduo pode necessitar de aspirações pessoais de coragem, liderança ou espiritualidade e o subconsciente encontra uma personagem que possui estas características.

Memórias de Vidas Passadas: Dentro da perspectiva da terapia de vidas passadas, alguns acreditam que essas experiências podem ser reminiscências de uma encarnação anterior na época de Joana d’Arc ou alguém próximo a ela.

É importante notar que a interpretação dessas experiências varia conforme a abordagem terapêutica adotada. Enquanto algumas correntes espirituais ou terapêuticas podem considerar essas memórias como evidências de reencarnação, outras podem vê-las como construções simbólicas da mente subconsciente.

A resposta para a pergunta é: não sabemos. Mas para o terapeuta não importa. O terapeuta trabalha com o material, as imagens e emoções que aparecem durante as sessões. 

Independentemente da interpretação, o foco terapêutico está em compreender o significado dessas experiências para o indivíduo e como elas podem influenciar seu bem-estar físico, emocional e psicológico. Através da exploração dessas memórias ou identificações, busca-se promover o autoconhecimento, a autocura e a integração de aspectos internos.

Como sempre, é fundamental que tais processos sejam conduzidos por profissionais qualificados, garantindo uma abordagem ética e segura para o paciente. 

Casos Estudados de Vidas Passadas

Shanti Devi

O Caso “Catherine”

Já citamos o Dr Weiss. Nascido em Nova Iorque em 1944. Dr. Brian Leslie Weiss formou-se magna cum laude pela Universidade de Columbia em 1966 e obteve o seu diploma de Medicina na Escola de Medicina da Universidade de Yale em 1970. Após o internato em medicina interna no Centro Médico da Universidade de Nova Iorque, retornou a Yale para uma residência de dois anos em Psiquiatria. Mais tarde, tornou-se chefe do Departamento de Psiquiatria do Mount Sinai Medical Center, em Miami. 

A sua trajetória profissional sofreu uma reviravolta significativa em 1980, quando uma paciente, referida como “Catherine”, sob hipnose, começou a relatar experiências de vidas passadas. Inicialmente cético em relação à reencarnação, o Dr. Weiss foi gradualmente convencido da sua veracidade após verificar detalhes específicos mencionados por Catherine que puderam ser confirmados através de registros públicos. Além disso, durante as sessões, Catherine transmitiu mensagens de entidades espirituais que forneceram revelações pessoais sobre a vida do próprio Dr. Weiss, incluindo informações sobre o seu filho falecido.

A partir dessa experiência, o Dr. Weiss passou a incorporar a terapia de regressão a vidas passadas na sua prática clínica, defendendo que muitos medos, fobias e doenças têm raízes em experiências de vidas anteriores e que o seu reconhecimento pode ter efeitos terapêuticos significativos. Ao longo da sua carreira, conduziu regressões em mais de 4.000 pacientes.


Entre as suas obras mais conhecidas estão:

    • “Muitas Vidas, Muitos Mestres” (1988), onde relata a experiência com Catherine e como isso transformou a sua visão sobre a psicoterapia e a espiritualidade.

    • “Só o Amor é Real” (1997), que explora a temática dos reencontros de almas gémeas através de regressões a vidas passadas.

    • “O Passado Cura” (2004), onde apresenta o potencial terapêutico da regressão a vidas passadas e como esta pode ajudar a superar traumas e ansiedades. 

Embora a reencarnação seja um tema controverso e sem comprovação científica definitiva, alguns casos chamaram a atenção por suas particularidades.

Abaixo, apresento outro relatos notáveis:

1. Caso de Shanti Devi

Nascida em 1926, em Delhi, Índia, Shanti Devi, aos quatro anos, começou a relatar memórias detalhadas de uma vida passada em Mathura, onde afirmava ter sido uma mulher chamada Lugdi Devi. Suas descrições precisas sobre a vida, família e circunstâncias da morte de Lugdi Devi intrigaram investigadores, incluindo uma comissão designada por Mahatma Gandhi, que concluiu que as alegações de Shanti Devi eram consistentes com os fatos verificados. 


2. Caso de James Leininger

James Leininger, um menino americano, desde muito jovem, demonstrou conhecimento detalhado sobre aviação militar da Segunda Guerra Mundial. Ele descreveu com precisão eventos e termos técnicos, levando seus pais a investigarem e descobrirem uma possível conexão com a vida de um piloto chamado James Huston Jr., que morreu em combate. As informações fornecidas por James coincidiram com registros históricos, tornando o caso objeto de estudos e debates sobre reencarnação.


3. Caso das Gêmeas Pollock

Em 1957, duas irmãs, Joanna e Jacqueline Pollock, faleceram em um acidente de carro na Inglaterra. Um ano depois, a mãe deu à luz gêmeas idênticas, Gillian e Jennifer, que, à medida que cresciam, começaram a exibir comportamentos e lembranças associadas às irmãs falecidas, incluindo conhecimento de locais e eventos que não haviam vivenciado. Este caso é frequentemente citado em discussões sobre possíveis evidências de reencarnação.


4. Pesquisas de Ian Stevenson

O psiquiatra Ian Stevenson dedicou grande parte de sua carreira ao estudo de casos sugestivos de reencarnação. Ele investigou mais de 2.500 relatos de crianças que afirmavam lembrar de vidas passadas, documentando detalhes que, em alguns casos, puderam ser verificados. Embora suas pesquisas não forneçam provas conclusivas, oferecem uma coleção significativa de dados que continuam a ser analisados e debatidos. 

Apesar desses relatos intrigantes, a reencarnação permanece uma hipótese sem confirmação científica. As interpretações desses casos variam, e muitos pesquisadores apontam para explicações alternativas, como criptomnésia, coincidências ou influências culturais.

Considerações Finais

É importante saber que a experiência na terapia de vidas passadas não é literalmente uma viagem ao passado. Em vez disso, pode ser entendida como uma forma de mensagens do subconsciente que, de alguma forma, afetam a vida do indivíduo. 

Embora a Terapia de Vidas Passadas não seja amplamente aceita pela comunidade científica, terapias de regressão até a infância ou ao útero, são aceitas e praticadas, ambas com relatos de melhorias. De qualquer forma, cada pessoa é única e não existe técnica infalível. Assim, o terapeuta deve avaliar quais as melhores técnicas para cada caso.

É essencial que qualquer pessoa interessada em explorar essa abordagem busque profissionais qualificados e certificados.

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Para aprofundar seu entendimento sobre a TVP, você pode consultar os seguintes links:

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